Maria Archer (1899-1982)
Portuguese Writer and Journalist

 

Maria Emília Archer Eyrolles Baltazar Moreira was born in Lisbon on January 4th, 1899. She was a writer and a journalist, having adopted the name of Maria Archer, which is of Irish origin coming from her mother’s side. Despite having completed only primary studies, she was a cultured, self-educated woman. She lived with her parents in Mozambique (from 1910 to 1913) and in Guinea (from 1916 to 1918).

In 1921 she got married in Portugal to Alberto Teixeira Passos. The couple settled down in Mozambique. Five years later they came back to Portugal.  Soon afterwards they got separated and eventually divorced in 1931.

Maria Archer in a conference at Sociedade de Geografia de Lisboa in 1929.

Maria returned to Africa, this time to Angola, to live with her parents. She began writing in earnest using her travel experiences in Africa as the main theme of some of her works. In 1935 in Angola (Luanda) she co-authored (with Pedro Quartim Graça)  her first novel Três Mulheres (Three Women).

Having returned to Lisbon, she started writing for newspapers and participating in meetings and conferences. She also made interviews as a journalist and wrote some works. Her young adult novel Viagem à Roda de África (Travels Around Africa) (1938) was awarded Maria Amália Vaz de Carvalho Prize. She made her living with writing and journalistic activities and it was also through her writing that she sought to position herself as an intellectual, fighting for ideals of freedom and other human rights.

Her novel Ida e Volta de Uma Caixa de Cigarros (Round-trip of a Cigarette Box) (1938) was seized by the censorship for not being in accordance with the moral parameters of the ideology of Estado Novo’s political regime. Her first major novel, Ela é Apenas Mulher (She’s Just a Woman) (1944), which focused on the idea of denouncing the inferior social status of women, was a scandal in a backward and prejudiced society. Her presumably autobiographical novel Aristocratas (Aristocrats) (1945) was not well-received by Archer’s family.

All these setbacks didn't stop her from pursuing the path of enormous creativity and denouncing social conventions that restrained the freedom of people in general, and of women in particular. Maria Archer supported political opposition to the regime of Salazar. 

In 1945 she joined the MUD - Movement of Democratic Unity and took part in the campaign in favour of General Norton de Matos. She also tried her luck in the theatre. In spite of some of her works having been seized  again, she kept on writing. In 1953 she attended as a journalist the trial of the regime's opponent Captain Henrique Galvão. She intended to write a book about the trial, but the PIDE (political security agency) raided her home and confiscated the documents. The book would later be published in Brazil, with the title Os Últimos Dias do Fascismo Português (The Last Days of Portuguese Fascism) (1959).

Maria Archer in Lisbon in 1953.

In 1955, Maria Archer realized that, owing to social discrimination and political persecution, she wasn't able to continue living in Portugal. She moved to Brazil, where she stayed till 1979. At the beginning of her exile in Brazil she wrote for a number of newspapers (O Estado de São Paulo, Semana Portuguesa andPortugal Democrático). She continued being a prolific writer and also participated in conferences and other events.

A few years later, facing economic difficulties and health problems, she decided to return to Portugal, where she wished to die. She came to Portugal in April 1979 and was admitted to the Santa Maria de Marvila Mansion, in Lisbon, where she remained until her death on January 23rd,1982.

Maria Archer was a prolific and diversified author, as regards both literary genres (novel, essay, playwriting) and themes of her works. She was courageous as regards the choice of issues she wrote about, especially those concerning the social situation of women. She was a vocal critic of the lack of freedom imposed by the regime and an important figure of Portuguese women’s literature of the middle of the 20th century.

Works:

Três Mulheres(Three Women), co-authored with Pinto Quartim Graça, Luanda, 1935
África Selvagem(Wild Africa), Lisboa, Guimarães & Lda., 1935
Sertanejos, Lisboa, Editorial Cosmos, 1936
Singularidades de Um País Distante(Singularities of a Distant Country), Lisboa, Editorial Cosmos, 1936
Ninho de Bárbaros (Barbarians’ Nest), Lisboa, Editorial Cosmos, 1936
Angola Filme (Angola Movie), Lisboa, Editorial Cosmos, 1937
Ida e Volta duma Caixa de Cigarros (Round-trip of a Cigarette Box), Lisboa, Editorial O Século, 1938
Viagem à Roda de África(Travels Around África), young adult adventure novel, Lisboa, Editorial O Século, 1938
Colónias Piscatórias em Angola (Fishing Villages in Angola), Lisboa, Cosmos, 1938
Caleidoscópio Africano(African Caleidoscope), Lisboa, Edições Cosmos, 1938
Há dois Ladrões sem Cadastro (There Are Two Burglers Without Register), Lisboa, Editora Argo, 1940
Roteiro do Mundo Português (Guide to the Portuguese World),Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1940
Fauno Sovina (Tightfisted Faun), Lisboa, Livraria Portugália, 1941
Memórias da Linha de Cascais (Memories from the Cascais Line), Branca de Gonta Colaço, Lisboa, co-authored with António Maria Pereira, 1943
Os Parques Infantis (Chilren’s Playgrounds), Lisboa, Associação Nacional dos Parques Infantis, 1943
Ela É Apenas Mulher (She’s Just a Woman)Lisboa, co-authored with António Maria Pereira, 1944
Aristocratas (Aristocrats), Lisboa, Editorial Aviz, 1945
Eu e ElasApontamentos de Romancista, (Me and Them,Novel Writer’s Notes)Lisboa, Editorial Aviz, 1945
A Morte Veio de Madrugada(Dead Came at Dawn), Coimbra, Coimbra Editora Lda., 1946
Casa Sem Pão (Home Without Bread), Lisboa, Empresa Contemporânea de Edições, 1947
Há-de Haver uma Lei(There Must Be a Law), Lisboa, published by the author, 1949
O Mal Não Está em Nós (The Evil Isn’t Inside Us), Porto, Livraria Simões Lopes, 1950
Filosofia duma Mulher Moderna (Philosophy of a Modern Woman), Porto, Livraria Simões Lopes, 1950
Bato às Portas da Vida (Knocking at The Doors of Life), Lisboa, Edições SIT, 1951
Nada lhe Será Perdoado (Nothing Will Be Forgiven), Lisboa, Edições SIT, 1953
A Primeira Vítima do Diabo (The First Victim of the Devil), Lisboa, Edições SIT, 1954
Terras onde se fala Português (Places Where Portuguese is Spoken), Rio de Janeiro, Ed. Casa do Estudante do Brasil, 1957
Os Últimos Dias do Fascismo Português (The Last Days of Portuguese Fascism), S. Paulo, Editora Liberdade e Cultura, 1959
África Sem Luz (Africa Without Light), São Paulo, Clube do Livro, 1962
Brasil, Fronteira da África (Brazil, African Border), São Paulo, Felman-Rêgo, 1963
Herança Lusíada (Lusíada Heritage), Lisboa, Edições Sousa e Costa, s.d.


Playwriting:
Alfacinha, comedy in 1 act for only one character, published inSol 12 to 26 February 1949
Isto que chamam amor (This Is What They Call Love), drama in one act for only one character
Numa casa abandonada(In an Abandoned House), drama in one act for only one character

O poder do dinheiro (The Power of Money), comedy in 3 acts
O Leilão (The Auction), drama in 3 acts

*****

Maria Emília Archer Eyrolles Baltazar Moreira nasceu em Lisboa, a 4 de janeiro de 1899. Foi escritora e jornalista tendo adotado o nome de Maria Archer, que inclui o sobrenome de origem irlandesa, por parte materna. Apesar de ter concluído apenas os estudos primários era uma mulher culta, considerada uma autodidata.

Viveu com os pais em Moçambique (de 1910 a 1913), e na Guiné (de 1916 a 1918). Em 1921 casou, na metrópole, com Alberto Teixeira Passos, tendo o casal ido viver para Moçambique. Decorridos cinco anos, voltou com o marido para o Continente, separando-se depois e divorciando-se em 1931. Maria Archer voltou, de novo, a África, desta vez para Angola, para viver com os pais. Lançou-se na carreira literária tendo a sua experiência de viajante por várias terras de África servido de mote à temática africana de algumas das suas obras. Ainda em Angola (Luanda), publicou de parceria com Pedro Quartim Graça, o seu primeiro livro, Três Mulheres (1935).

Regressada a Lisboa escreveu para jornais, participou em tertúlias e conferências, fez entrevistas como jornalista e escreveu algumas obras, tendo o seu romance dirigido ao público juvenil, Viagem à Roda de África (1938), sido distinguido com o prémio Maria Amália Vaz de Carvalho. Foi com os proventos dos seus trabalhos de escritora e jornalista que obteve os meios para a sua subsistência e foi através da escrita que procurou afirmar-se como mulher de letras e intelectual combativa por ideais de liberdade e outros direitos humanos. A sua novela Ida e Volta de Uma Caixa de Cigarros (1938) foi apreendida pela Censura por não se enquadrar nos parâmetros moralistas da ideologia do regime político do Estado Novo. Também o seu primeiro romance de maior importância, Ela é Apenas Mulher, (1944) provocou escândalo na sociedade de então que era retrógrada e preconceituosa, pois no tema tratado subjazia a ideia de denúncia do estatuto social de inferioridade da condição feminina. A obra As Aristocratas, (1945) considerada de cunho autobiográfico não foi, igualmente, bem compreendida no meio familiar. Todos estes reveses não impediram a escritora de prosseguir o caminho de dar corpo a uma enorme criatividade e simultaneamente de denúncia de convencionalismos que espartilhavam a liberdade das pessoas em geral, e da mulher em particular.

Maria Archer sintonizou-se com os movimentos de oposição ao regime político de Salazar pelo que terá aderido ao MUD-Movimento de Unidade Democrática (1945) e tomado parte na campanha do General Norton de Matos. Terá tentado também ingressar na carreira teatral. Prosseguiu a sua intensa produção literária ainda que, de novo, algumas obras tivessem sido apreendidas. Em 1953 assistiu como jornalista ao julgamento do opositor do regime Capitão Henrique Galvão, prevendo relatar em livro o assunto. Porém, a PIDE (polícia política) invadiu-lhe o domicílio e confiscou-lhe documentação. O livro viria a ser publicado mais tarde no Brasil, com o título Os Últimos Dias do Fascismo Português (1959).

Maria Archer discriminada socialmente e perseguida politicamente, asfixiada pela Censura, acabou por concluir que deixara de ter condições para continuar em Portugal pelo que optou pelo exílio, no Brasil (de 1955 a 1979). Nos primeiros anos no Brasil a escritora escreveu para os jornais O Estado de São Paulo, Semana Portuguesa e Portugal Democrático, teve uma produção literária intensa com publicação de algumas obras, deu conferências e participou em vários atos públicos.

Decorridos alguns anos, com dificuldades económicas e problemas de saúde regressou a Portugal onde desejava morrer. Voltou em Abril de 1979 e foi internada na Mansão Santa Maria de Marvila, em Lisboa, onde permaneceu até à sua morte, ocorrida em 23 de Janeiro de 1982. Produtora de obra diversificada quer quanto ao género literário (novela, romance, ensaio, teatro), quer quanto aos temas, audaciosa nas temáticas abordadas, sobretudo as que se prendem com a situação da mulher portuguesa na sociedade da época, inconformista quanto ao cerceamento das liberdades pelas ditaduras, foi um vulto de mérito considerável na literatura feminina portuguesa do meio do século XX.

Obras:

  • Três Mulheres, parceria com Pinto Quartim Graça, Luanda, 1935.
  • África Selvagem, Lisboa, Guimarães & Lda., 1935.
  • Sertanejos, Lisboa, Editorial Cosmos, 1936.
  • Singularidades de Um País Distante, Lisboa, Editorial Cosmos, 1936.
  • Ninho de Bárbaros, Lisboa, Editorial Cosmos, 1936.
  • Angola Filme, Lisboa, Editorial Cosmos, 1937.
  • Ida e Volta duma Caixa de Cigarros, Lisboa, Editorial O Século, 1938.
    Viagem à Roda de África, romance de aventuras infantis, Lisboa, Editorial O Século, 1938.
  • Colónias Piscatórias em Angola, Lisboa, Cosmos, 1938.
  • Caleidoscópio Africano, Lisboa, Edições Cosmos, 1938.
  • Há dois Ladrões sem Cadastro, Lisboa, Editora Argo, 1940.
  • Roteiro do Mundo Português, Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1940.
  • Fauno Sovina, Lisboa, Livraria Portugália, 1941.
  • Memórias da Linha de Cascais, col. com Branca de Gonta Colaço, Lisboa, Parceria António Maria Pereira, 1943.
  • Os Parques Infantis, Lisboa, Associação Nacional dos Parques Infantis, 1943.
  • Ela É Apenas Mulher, Lisboa, Parceria António Maria Pereira, 1944.
  • Aristocratas, Lisboa, Editorial Aviz, 1945.
  • A Morte Veio de Madrugada, Coimbra, Coimbra Editora Lda., 1946.
  • Casa Sem Pão, Lisboa, Empresa Contemporânea de Edições, 1947.
  • Há-de Haver uma Lei, Lisboa, Edição da Autora, 1949.
  • O Mal Não Está em Nós, Porto, Livraria Simões Lopes, 1950.
  • Filosofia duma Mulher Moderna, Porto, Livraria Simões Lopes, 1950.
  • Bato às Portas da Vida, Lisboa, Edições SIT, 1951.
  • Nada lhe Será Perdoado, Lisboa, Edições SIT, 1953.
  • A Primeira Vítima do Diabo, Lisboa, Edições SIT, 1954.
  • Terras onde se fala Português, Rio de Janeiro, Ed. Casa do Estudante do Brasil, 1957.
  • Os Últimos Dias do Fascismo Português, S. Paulo, Editora Liberdade e Cultura, 1959.
  • África Sem Luz, São Paulo, Clube do Livro, 1962.
  • Brasil, Fronteira da África, São Paulo, Felman-Rêgo, 1963.
  • Herança Lusíada, Lisboa, Edições Sousa e Costa, s.d.

Peças de Teatro:

  • Alfacinha, comédia em 1 ato para uma só personagem, publicada no Sol de 12 a 26 Fev. de 1949.
  • Isto que chamam amor, drama em um ato para uma só personagem.
  • Numa casa abandonada, drama em um ato para uma só personagem.
  • O poder do dinheiro, comédia em 3 atos.
  • O Leilão, drama em 3 atos.

Referências:

Acknowledgements:

The biography of Maria Archer was written by Maria Carlos Lino Aldeia and translated to english by Robert Kuzka.

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