Born in Lisbon, in Nova Conceição parish in 1812 (the baptism seat indicates the date of February 4th, but she claimed to have been born on the 28th, without specifying the month), Maria José da Silva Canuto was the first portuguese woman to collaborate with the liberal press by publishing a sonnet in the Guarda Avançada on the issue of April 29th, 1835. Since then, she sent political texts to several opposition newspapers such as O Nacional, O Procurador dos Povos, O Democrata, A Revolução de Septembro and O Patriota.
She was named royal master of the female school of the parish of Mercês by letter of August 31st 1847. In parallel to the official education she offered, at her home, free night classes for both sexes. Her work as an educator marked her public participation. As a teacher, she published in the periodical press several texts on education, organized lectures and helped António Feliciano de Castilho in the defense and diffusion of his reading method (Método de Leitura Repentina), that she also adopted in her school.
Since 1858, at the Associação do Grémio Popular (People's Guild Association), she offered, without been payed, a primary education course. In 1860, in her lectures on "The Moral of the Gospel" given to these students, published in A Federação and republished the following year in Bejense, she compares her role as teacher to religion: "Christ diffused the light of his Gospel; and I came here to spread the light of education". Her teaching practice was not far from the political participation of her youth. She stated: "My intent is only to put within the reach of my students the evangelical morality applied to social improvement and the emancipation of the working classes". So she was criticized by the absolutist and ultramontane newspaper A Nação, which accused her of promoting a "libertine teaching."
Still advocating primary education for the popular classes, it's installed at her home the School Association named after the king D. Pedro V in 1863, which was well received by the government that granted her a space for her school and residence in the Dramatic Conservatory building in the former convent of Theatines.
She actively participated, since 1869, on several Pedagogical Conferences, even after being retired from the post of royal master on August 4th, 1881. She could not attend on the Lisbon Conferences of 1884 for health reasons and then she received an homage of the assembled teachers. They asked the government for a pension for her that she would eventually receive from the City of Lisbon.
Practically unable to work, with part of the body paralyzed and in constant pain since this year, she continued to live on the premises of the Royal School of Mercês until her death on January 20, 1890.
Maria Jose Canuto was also important in the dissemination of "notions of domestic economy" publishing in the magazine A Mulher, among others, manuals on homemaking women. In these texts, she argues that even a simple house, if well organized, can be as comfortable and convenient as a more luxurious one. Her concern, unlike expected for this type of publication, was not only with the bourgeois lady, but especially with the popular families.
Throughout her life, as well as important political participation, she collaborated with several Portuguese and Brazilian newspapers: Revista Universal Lisbonense, A Assembléa Litteraria, Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro, Almanak Omnibus, A Cruzada, Boletim de Instrucção Publica, Diario de Noticias, A Illustração Feminina, Voz Feminina, Almanach Familiar para Portugal e Brazil, Gazeta Pedagogica, Revista Pedagogica, Almanach das Senhoras, A Mocidade, Diario Illustrado, Jornal do Povo, Gazeta das Salas, Froebel, A Mulher, Almanach das Senhoras Portuenses, A Escola, Lisia Poetica, Annuario do Club de Litteratura, A Familia, Echo das Damas. Moreover, she translated to Portuguese the Alphonse de Lamartine's Jocelyn, published in 1864.
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Nascida em Lisboa, na freguesia da Conceição Nova, em 1812 (o assento de batismo indica a data de 4 de Fevereiro, mas ela afirmava ter nascido no dia 28, sem indicar o mês), Maria José da Silva Canuto foi a primeira mulher portuguesa a colaborar com a imprensa liberal, publicando um soneto no Guarda Avançada de 29 de Abril de 1835. A partir de então, enviou textos de caráter político a diversos periódicos de oposição, como O Nacional, O Procurador dos Povos, O Democrata, A Revolução de Septembro e O Patriota.
Foi nomeada mestra régia da escola feminina da freguesia das Mercês por carta de 31 de Agosto de 1847. Paralelamente ao ensino oficial, ofereceu, em sua casa, aulas gratuitas noturnas para ambos os sexo. Seu trabalho como educadora marcou sua participação pública. Como professora, ela publicou na imprensa periódica diversos textos sobre educação, promoveu palestras e auxiliou António Feliciano de Castilho na defesa e difusão de seu Método de Leitura Repentina, que ela adoptou na sua escola.
A partir de 1858, na Associação do Grémio Popular, ofereceu, sem remuneração, curso de instrução primária. Em 1860, em suas preleções sobre "A Moral do Evangelho" ministradas a esses alunos, publicadas n'A Federação e republicadas no ano seguinte no Bejense, associava seu papel como professora ao da religião: "O Cristo difundia a luz do seu evangelho; e eu vim aqui difundir a luz do ensino". Sua atuação docente não estava distante de sua participação política da juventude. Afirmava ela: "o meu intento é unicamente pôr ao alcance dos meus alunos a parte da moral evangélica aplicada ao melhoramento social, à emancipação das classes trabalhadoras". Por isso, foi criticada pelo jornal miguelista e ultramontano A Nação, que a acusava de promover um "ensino libertino".
Ainda defendendo a educação primária para as classes populares, instala-se em sua casa a Associação Escolar de D. Pedro V em 1863, que lhe granjeia louvor governamental e um espaço para ensinar e residir no edifício do Conservatório Dramático, no antigo convento dos Caetanos.
Participou ativamente, desde 1869, de várias Conferências Pedagógicas, mesmo após ter sido jubilada do cargo de mestra régia em 4 de Agosto de 1881. Nas Conferências de Lisboa de 1884 não pôde participar por motivo de saúde e recebeu uma homenagem dos professores ali reunidos, que cobraram do governo uma pensão para ela, que acabaria por receber da Câmara Municipal de Lisboa.
Maria José Canuto foi também importante na divulgação de "noções de economia doméstica", publicando na revista A Mulher, entre outras, manuais sobre os afazeres domésticos das mulheres. Nesses textos, ela defende que mesmo uma casa simples, se bem organizada, pode ser tão prática e confortável quando uma mais luxuosa. Sua preocupação, diferentemente do esperado para esse tipo de publicação, não era apenas com a senhora burguesa, mas sobretudo com as famílias populares.
Praticamente incapacitada para o trabalho, com parte do corpo paralisado e com dores constantes desde esse ano, continuou a viver nas dependências da Escola Régia das Mercês até sua morte em 20 de Janeiro de 1890.
Ao longo de sua vida, além da importante participação política, colaborou com diversos periódicos portugueses e brasileiros: Revista Universal Lisbonense, A Assembléa Litteraria, Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro, Almanak Omnibus, A Cruzada, Boletim de Instrucção Publica, Diario de Noticias, A Illustração Feminina, Voz Feminina, Almanach Familiar para Portugal e Brazil, Gazeta Pedagogica, Revista Pedagogica, Almanach das Senhoras, A Mocidade, Diario Illustrado, Jornal do Povo, Gazeta das Salas, Froebel, A Mulher, Almanach das Senhoras Portuenses, A Escola, Lisia Poetica, Annuario do Club de Litteratura, A Familia, Echo das Damas. Além disso, foi a tradutora do Jocelyn, de Alphonse de Lamartine, publicado em 1864.
References:
- "Maria José da Silva Canuto" (verbete). in: CASTRO, Zila Osório de; ESTEVES, João. (Direcção). Dicionário no Feminino. Lisboa: Livros Horizonte, 2005.
- "D. Maria José da Silva Canuto" (verbete). in: SILVA, Inocêncio Francisco da; ARANHA, Brito. Diccionario Bibliographico Portuguez. v. 16 Lisboa: Imprensa Nacional, 1893. pp. 356-357.
- CARDOSO, Nuno Catharino. "D. Maria José da Silva Canuto". in: Poetisas Portuguesas. Lisboa: Edição e propriedade do auctor, 1917. pp. 67-68.
- CASTELO, Cláudia. "CANUTO, MARIA JOSÉ DA SILVA" (verbete). in: NÓVOA, António (coord.). Dicionário de Educadores Portugueses. Porto: ASA, 2003. pp. 264-265.
- CASTILHO, António Feliciano. "Carta aos editores". in: CANUTO, Maria José da Silva. Jocelyn - poema de Mr. A. de Lamartine - imitação. Beja: Sousa Porto & Vaz, 1864. pp. V-XIII.
- CRUZ, Carlos Eduardo Soares da. "Em Busca das Vozes Femininas". in: Felicidade pela imprensa: Romantismo na Revista Universal Lisbonense de A. F. de Castilho (1842-1845). (Tese de Doutorado em Estudos de Literatura). Niterói: UFF, 2013.
- PALMEIRIM, Luiz Augusto. "Maria José da Silva Canuto". Diario Illustrado a.19 n. 6036. Lisboa: 21/01/1890, p.1.
- LOPES, Ana Maria Costa. Imagens da Mulher na imprensa feminina de oitocentos : percursos de modernidade. Lisboa: Quimera, 2005.
- "Ensino Libertino". A Nação A. 15 n.º 4208. Lisboa: Typographia da Nação, 09/12/1861, pp. 1-2.
- O Ocidente. vol. XIII. n. 406. Lisboa: 09/04/1890.
- VALENTIM, Margarida Gomes. "Maria José Canuto (1821-1890) A pioneira portuguesa" in: Um olhar sobre a evolução do espaço da cozinha e o contributo da mulher. (Dissertação de Mestrado em Design de Equipamento - Faculdade de Belas-Artes). Lisboa: Universidade de Lisboa, 2013.
Notes:
The pictures of Maria Canuto were taken from Diario Illustrado. A. 19 n. 6036 Lisboa: 21/01/1890, p. 1 and O Occidente. v. XIII n. 406 Lisboa: 09/04/1890, p. 80.
Acknowledgments:
The biography of Maria Canuto was written by Eduardo da Cruz.