Virginia Moura nasceu no dia 19 de Julho de 1915, em Martinho do Conde, GuimarĂŁes. Era filha de Artur de Sousa Mascarenhas e de Rosa Faria Moura. Foi uma das primeiras mulheres a licenciar-se em Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, a 16 de Outubro de 1948. Cursou tambĂ©m MatemĂĄtica, em Coimbra, e Letras, no Porto. Em consequĂȘncia da sua intervenção polĂtica, VirgĂnia Moura nunca chegou a exercer a sua profissĂŁo. Contudo dava explicaçÔes particulares de MatemĂĄtica e FĂsica no seu escritĂłrio na Praça General Humberto Delgado, no Porto.
Aos 18 anos filiou-se no Partido Comunista PortuguĂȘs, integrando a organização Socorro Vermelho, a qual apoiava presos polĂticos portugueses e espanhĂłis. Foi aqui que conheceu o seu marido, o Arquitecto LobĂŁo Vidal, com quem esteve casada 42 anos.
Virginia Moura e LobĂŁo Vidal.
O "casal", como eram conhecidos, era respeitado pela população do Porto, e foi sĂmbolo da luta e da resistĂȘncia contra o fascismo. Presa dezasseis vezes pela polĂcia polĂtica, nove vezes processada e trĂȘs vezes condenada nos Tribunais PlenĂĄrios, VirgĂnia de Moura foi inĂșmeras vezes agredida na rua ou durante actos pĂșblicos de defesa dos direitos democrĂĄticos. Virginia Moura foi membro do ComitĂ© Central do PCP na clandestinidade.
Em pĂ©: Ruy LuĂs Gomes (segundo a contar da esquerda), LobĂŁo Vital (quinto) e Alfredo Pereira Gomes (sĂ©timo). Sentadas: Margarida LuĂs Gomes e VirgĂnia Moura.
Virginia Moura colaborou em diversos jornais e publicaçÔes entre os quais âOutro Ritmoâ, âO Diaboâ, âPensamentoâ, âO Trabalhoâ, âFoz do Guadianaâ, âEcos do Sulâ, na âPresençaâ, na âSeara Novaâ e no semanĂĄrio âSol Nascenteâ do qual foi fundadora e colaboradora com o pseudĂłnimo de Maria Selma. Organizou conferĂȘncias que contaram com a participação de intelectuais como Teixeira de Pascoaes, Maria Lamas e Maria Isabel Aboim InglĂȘs. Antes do 25 de Abril de 1974 participou activamente em movimentos prĂł-democrĂĄticos. Destacou-se no comĂcio de apoio Ă candidatura de Norton de Matos Ă presidĂȘncia da RepĂșblica, na Fonte da Moura, em 1949. Nas eleiçÔes presidenciais de 1951, Virginia Moura integrou a ComissĂŁo Organizadora da candidatura Ă PresidĂȘncia da RepĂșblica do Professor Ruy LuĂs Gomes e esteve presente na leitura do manifesto eleitoral "Ao Povo" feita por JosĂ© Morgado.
Leitura do manifesto eleitoral no Hotel Bragança em 1951.
Manifesto eleitoral "Ao Povo".
VirgĂnia Moura, Ruy LuĂs Gomes e LobĂŁo Vital.
VirgĂnia Moura, Ăscar Lopes, Rui LuĂs Gomes, MĂĄrio Cal BrandĂŁo, entre outros, durante um comĂcio da oposição ao Estado Novo.
Virginia Moura festeja na rua o 25 Abril de 1974.
Como feminista, lutou pela dignificação da Mulher e a sua intervenção polĂtica, integrando o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, a Associação Feminina Portuguesa para a Paz e o Movimento DemocrĂĄtico de Mulheres, de cujo Conselho Nacional foi membro permanente.
Em Moreira de Conegos, GuimarĂŁes, foi dado o seu nome ao Agrupamento de Escolas VirgĂnia Moura. ApĂłs petição pĂșblica, a CĂąmara Municipal do Porto colocou o seu busto no Largo Soares dos Reis, junto ao edifĂcio onde esteve instalada a delegação da Pide.
Busto de Virginia de Moura no Porto.
Virginia Moura morreu no Porto a 19 de Abril de 1998, com 82 anos de idade.
References: