Judith Teixeira (1880-1959)
Portuguese Writer

Judite dos Reis Ramos Teixeira, known as Judith Teixeira, was a Portuguese writer, author of several poems and novels and director of a Modernist magazine called “Europa” (1925). She also left many unpublished texts - almost a century later, in 2015, they were published by Cláudia Pazos Alonso and Fábio Mário da Silva. She was married twice and the surname Teixeira was adopted upon her second marriage.

During the 1920’s Judith published three poetry books: “Decadência”, “Castelo de Sombras” and “Nua”. Related with the first edition of “Decadência” (1923), an impressive scandal emerged, connected with two other books, one by her intimate friend António Botto – to whom she left a manuscript with a dedication -, and the other by Raul Leal, both of them involved in the “Portuguese Modernism” and known as “écrivains maudits”.

On March 5, 1923, the Lisbon civil governor’s office confiscated some books containing “dangerous symptoms of moral corruption”, as requested by the “Liga de Acção dos Estudantes de Lisboa”, led by Marcello Caetano, who in 1968 replaced Salazar after the “chair fall episode”, and by Pedro Teotónio Pereira.

In a public act, Judith Teixeira, António Botto and Raul Leal’s books were burnt. “Decadência”, by Judith Teixeira, still survives through a second edition which, fortunately, escaped the censor’s radar.

If we make a comparison between her and Florbela Espanca (regarded today as an important author, renowned and well established in the Portuguese Literature’s canon), knowing that Florbela also published, in the same year, 1923, a collection of daring erotic poems, we can see that Judith Teixeira wasn’t so lucky; she was ostracized and forgotten until 1996, when &etcBook Publisher decided to reprint her poetical works, along with an unpublished conference.

Her homoerotic feelings, expressed by her life and work, could probably help us to understand the segregation suffered by Judith Teixeira. Florbela Espanca herself, without any Sapphic inspiration, but also audacious, during her life was largely ignored by the literary circles: however, she has become known as the 1920’s poetess, and her poetry survived.

From the book “Decadência” we can highlight two poems written in 1922, “A Minha Amante” and “A Mulher do Vestido Encarnado”, whose lesbian scenario unleashed the puritan’s reaction of students and motivated of the civil government. The future Prime Minister Marcello Caetano, in the conservative magazine “Ordem Nova” (1926), wrote about the author in the following terms: “shameless one named Judith Teixeira”.

At that time, several opinions circulated: from Aquilino Ribeiro to José Régio, João Gaspar Simões or António Manuel Couto Viana, each of them had something to say about Judith Teixeira, her books and life.

Being Judith Teixeira director of “Europa”, the Modernist magazine, Fernando Pessoa himself was aware of her existence, and he even kept, in his own library, a copy of “Europa”, the issue of April 1925. In a letter to Del Valle, on August 31, 1923, he wrote: “António Botto, however, met you at the home of Ms. Judith Teixeira”.

António Ferro himself knew Judith Teixeira. In 1922, when he was director of the magazine “Ilustração Portuguesa”, he interviewed and photographed her. In addition, there is an interesting article written by Martim de Gouveia e Sousa "Judith Teixeira: Lirismo e Perturbação nas Novelas de Satânia".

Judith died in 1959, in Campo de Ourique neighborhood (Lisbon), leaving no heirs. She was a widow and lived alone.

The marginalization of Judith Teixeira during her life, and her oblivion after her death, just like what happened to other female poets and writers, is embodied in a systemic logic of stifling of women’s voices.

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Judite dos Reis Ramos Teixeira, mais conhecida por Judith Teixeira, é a autora de vários livros de poesia e novela, directora de uma revista modernista, tendo também escrito vários outros textos, que permaneceram inéditos até ao ano de 2015, altura em que foram dados à estampa numa edição conjunta de Cláudia Pazos Alonso e Fabio Mário da Silva.Judite casou duas vezes, tendo optado pelo apelido Teixeira no segundo casamento.

Durante a década de vinte, de novecentos, publicou os livros de poesia DecadênciaCastelo de Sombras e Nua. Foi na altura da primeira edição de Decadência (1923) que um grande escândalo se desencadeou, envolvendo, para além de Judith Teixeira, os poetas António Botto, seu amigo próximo – e a quem deixou um manuscrito com dedicatória -, e Raul Leal, ambos reputados escritores “malditos”.

No dia 5 de Março de 1923, o Governo Civil de Lisboa mandou apreender livros com “perigosos sintomas de corrupção moral” (Pitta, Eduardo: p. 14) a pedido da Liga de Acção dos Estudantes de Lisboa, encabeçada por Marcello Caetano (1906-1980) e Pedro Teotónio Pereira (1902-1972).

Em hasta pública foram queimados exemplares das obras de António Botto, Judith Teixeira e Raul Leal. O livro de Judith Teixeira, Decadência, sobreviveu devido a uma segunda edição que, felizmente, passou despercebida.

Cite-se o exemplo da poetisa Florbela Espanca que, nesse mesmo ano de 1923, publicou uma colectânea de poemas, também ela ousada, tendo a mesma atravessado gerações e assegurado o seu lugar no cânone da escassa literatura feminina que nos restou da primeira metade do século XX português.

Judith não teve a mesma sorte: foi completamente marginalizada e esquecida até 1996, data em que a editora &etc reimprimiu as suas três obras poéticas e recuperou uma conferência inédita (Alonso, Cláudia Pazos; Silva, Fabio Mário da Silva, p.22).

O verdadeiro motivo deste anonimato prendeu-se com a manifestação de sentimentos lésbicos, bem expressos na sua poesia. Florbela, por outro lado, longe do safismo mas ainda assim ousada, permaneceu praticamente desconhecida do meio literário em vida, tendo, no entanto, ficado para a posteridade como a Poetisa dos anos vinte.

Refiram-se, do livro “Decadência”, de Judith Teixeira, os poemasA Minha Amante e A Mulher do Vestido Encarnado, ambos datados de 1922, cuja ambiência homoerótica alimentou a ira dos tão puritanos estudantes e do Governo Civil da época. Sabe-se que, na revista Ordem Nova, em 1926o futuro estadista Marcello Caetano falou “de uma desavergonhada chamada Judith Teixeira”. Muitas outras opiniões circularam na altura, sempre contraditórias, de Aquilino Ribeiro a José Régio, de João Gaspar Simões a António Manuel Couto Viana.

Directora da revista “Europa” (1925), vinculada ao modernismo português, Judith Teixeira era conhecida de Fernando Pessoa, o qual dispunha, na sua biblioteca pessoal, de um exemplar daquela revista.

Numa carta datada de 31 de Agosto de 1923, dirigida a del Valle, Fernando Pessoa escreve: “O A. Botto, porém, encontrou-o em casa da senhora D. Judith Teixeira” (Alonso; Silva: p.25).

António Ferro, então director da Ilustração Portuguesa, também a conhecia, tendo-a entrevistado e fotografado para a dita revista, corria o ano de 1922 (Alonso; Silva: p.23).

Judith morreu em 1959, no Bairro de Campo de Ourique, em Lisboa, viúva, sem herdeiros e abandonada.

A marginalização de Judith Teixeira, bem como a de outras poetisas e escritoras um pouco ao longo dos tempos, circunscreve-se numa lógica de silenciamento de vozes femininas.

References:

Acknowledgements: The biography of Judith Teixeira was written by Cecília Barreira (CHAM-FCSH/UNL).

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