Oceana Zarco (1911-2008)

Portuguese Cyclist

Oceana Rosa de Sousa Zarco, born on the 12th of April of 1911, in Setúbal, distinguished herself as a pioneer of female cycling in Portugal, at a time when this sport – as many others – was overwhelmingly confined to a male universe.
She began her professional career in 1925, at only 14 years of age, having received unconditional support from her stepfather, João Duarte, who owned a bicycle store in Setúbal. As a result, at the age of 7, Zarco already travelled to school by bicycle, an unheard-of habit among the young girls of the time. Naturally, it came as no surprise that she joined, at the age of 10, the cycling team of the Vitória de Setúbal sports club – for whom she would compete throughout her whole career -, riding a male bicycle and training in the company of male colleagues.
By professionalizing herself, in 1925 (license number 227), Zarco became the first Portuguese federated female cyclist. With the valuable contribution of athletics coach Arthur John, she physically prepared herself to compete at the highest level, so as to be able to represent Vitória de Setúbal right next to her male colleagues. In this sense, she continued to ride a male bicycle, while wearing shorts and a short-sleeved jersey, besides keeping her hair always short.

Despite having already won, at the age of 18, three important national trophies, she was forced to abandon cycling in 1929, due to financial difficulties. Once this chapter in her life was over, Zarco opted to study Nursing, a profession that she would eventually practice for approximately 30 years, and which she embraced with as much enthusiasm and competence as she did with cycling. 

In 1991, she was honored by the Democratic Movement of Women and by the Museum of Archeology and Ethnography of Setúbal. In 2005, a tribute was bestowed upon her by the Municipality of Setúbal, the Portuguese Cycling Federation and by her beloved Vitória de Setúbal sports club.
It was also in Setúbal, a city magnified by her honor and talent, that she died, on the 11th of January of 2008.

 *****

Oceana Rosa de Sousa Zarco, nascida a 12 de Abril de 1911, na freguesia de Santa Maria da Graça, Setúbal, notabilizou-se enquanto pioneira do ciclismo feminino em Portugal, numa época em que esta modalidade desportiva – à imagem de tantas outras – estava esmagadoramente confinada ao universo masculino.
Iniciou o seu percurso profissional em 1925, com apenas 14 anos, tendo recebido um apoio incondicional por parte do seu padrasto, João Duarte, dono de uma loja de bicicletas na Avenida Luísa Todi, em Setúbal. Com efeito, aos 7 anos de idade, Oceana Zarco já se deslocava para a escola de bicicleta, um hábito inaudito entre as meninas da época, desde logo bastante elucidativo do seu espírito de rebeldia. Foi pois com toda a naturalidade que ingressou, aos 10 anos, na equipa de ciclismo do Vitória de Setúbal – instituição que haveria de representar ao longo de toda a carreira - pedalando numa bicicleta masculina e treinando na companhia de colegas rapazes.


Ao profissionalizar-se, em 1925, com a licença número 227, Zarco tornou-se a primeira ciclista portuguesa federada. Com o valioso contributo do treinador de atletismo Arthur John, preparou-se fisicamente ao mais alto nível, de forma a poder representar o Vitória de Setúbal lado-a-lado com os seus colegas masculinos. Nesse sentido, corria igualmente numa bicicleta masculina, de calções e camisola de manga curta, apresentando-se sempre de cabelo curto.
Aos 18 anos, havia já conquistado três importantes troféus: a III Volta a Lisboa e a I Volta ao Porto, ambas em 1926, e a I Volta a Setúbal, em 1929, na qual participaram ainda somente três atletas femininas. Porém, em virtude de dificuldades financeiras, foi forçada a abandonar o ciclismo nesse mesmo ano de 1929.
Uma vez encerrado o seu ciclo desportivo, Zarco optou por cursar enfermagem, profissão que haveria de exercer ao longo de aproximadamente 30 anos e que abraçou com um grau de entusiasmo e rigor em tudo comparável ao ciclismo. Foi também durante esta segunda etapa da sua vida que viria a casar, contudo apenas depois de completar cinquenta anos, uma vez que a legislação salazarista só passou a permitir que as enfermeiras contraíssem matrimónio a partir de 1963. Por este motivo, acabou por se ver impossibilitada de ter quaisquer filhos.
A 9 de Março de 1991, foi homenageada pelo Movimento Democrático de Mulheres e pelo Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal. A 8 de Abril de 2005, coube à Câmara Municipal de Setúbal, à Associação de Ciclismo do distrito de Setúbal e à Federação Portuguesa de Ciclismo prestar-lhe o devido tributo, a que se juntou também o reconhecimento por parte do Vitória de Setúbal.
Foi também em Setúbal, cidade que engrandeceu com a sua indelével honra, que morreu, a 11 de Janeiro de 2008.  
  
Em Setúbal, na freguesia de Santa Maria da Graça, foi-lhe atribuída uma rua com o seu nome, com inicio na estrada da Varzinha.


References:

  • VILAR, Anita, Panorama de uma História Local no Feminino, Centro de Estudos Bocageanos, 2013.
  • Jogos Centenário da República, Oceana Zarco.

 

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